@Alipio Padilha

SONS MENTIROSOS MISTERIOSOS
Espetáculo para famílias

Sofia Dias & Vítor Roriz |PORTUGAL|

30 Set. / Sep. | Sábado / Saturday | 17H00 / 5PM

Local / Venue: Auditório Fernando Lopes-Graça

Direcção Artística e Cenografia: Sofia Dias & Vítor Roriz
Criação: Daniel Pizamiglio, Inês Campos e Filipe Pereira
Interpretação: Lewis Seivwright, Francisca Pinto e Filipe Pereira
Apoio ao trabalho de Foley: Nuno Bento
Som e Figurinos: Sofia Dias
Desenhos: Ephedra aka Catarina Dias
Escultura: Gonçalo Barreiros
Desenho de luz e construção de cenografia: Nuno Borda de Água
Produção Executiva: Vítor Alves Brotas (Agência 25) e S&V
Coprodução: LU.CA Teatro Luís de Camões (Lisboa), Materiais Diversos (Cartaxo), Théâtre de la Ville (Paris), Teatro Nacional São João (Porto), Centro Cultural Vila Flor (Guimarães).
Residência de Coprodução: O Espaço do Tempo (Montemor-o-Novo, PT)
Residência: Casa da Dança (Almada, PT)

“Sons Mentirosos Misteriosos” é a primeira peça que fazemos a pensar nas crianças. E não seria uma inconfidência assumir que foi feita sobretudo a pensar no nosso filho. Queríamos, por isso, que esta fosse uma peça coerente com a forma como nos relacionamos com ele, que não subestimasse a sua imaginação e inteligência e que estimulasse a sua curiosidade pelo movimento, pela dança, pela abstracção.
Assim, fomos construindo uma peça coreográfica onde o movimento e o gesto sugerem diferentes relações entre os intérpretes, entrecruzando-se o reconhecível com o estranho numa ambiguidade permeável à subjectividade de cada observador. Para nós, a abstracção é essencial por apelar à capacidade das crianças tecerem mundos a partir de elementos aparentemente incompletos, inconclusivos e contrastantes. Sabemos como a abstração estimula o que cada um de nós pode ver de diferente e gostaríamos que esta peça proporcionasse esse espaço de invenção.
A par de uma boa dose de abstração, também queríamos um espetáculo acolhedor, calmo e dócil. Não só como contraponto à velocidade, ao excesso de estímulos e ao cinismo (que é uma figura de estilo cada vez mais prevalecente), mas também porque a docilidade e a ternura são qualidades que reaprendemos na relação com as crianças e que nos parecem cada vez mais necessárias.
Em “Sons Mentirosos Misteriosos”, o som funciona como uma rede onde assentam todos os outros elementos do espetáculo. É o som que conduz a ação, que induz a sensação de mistério e tensão, que por vezes nos manipula e “mente” sem nos darmos conta. Foi esta ideia de um som mentiroso que nos levou à colaboração com um artista foley. No cinema, o artista foley trabalha na pós-produção de som, recriando os sons que estavam mal gravados ou ausentes do registo in situ. Parecem tão reais, essas recriações, que dificilmente reparamos que o som de um pássaro a voar pode ter sido feito por um par de luvas agitadas ritmicamente pelas mãos de um foley numa sincronia perfeita com a imagem. Algumas destas técnicas foram generosamente partilhadas connosco pelo artista foley Nuno Bento, o que nos permitiu pesquisar a relação de interdependência entre o som e o movimento, desafiando a percepção do espaço e do tempo. E desafiar a percepção manipulando a justaposição desses dois elementos.

“Sons Mentirosos Misteriosos” é uma peça onde a imaginação tem muito por onde se intrometer: prolongando os gestos dos bailarinos, ligando esses gestos às flutuações da música, animando a série de desenhos feitos pela Catarina, e até procurando ver uma criatura invisível apenas denunciada pelo som e pela luz do Nuno Borda de Água. A peça tem ainda alguns elementos absurdos, porque o absurdo é uma constante na nossa vida, e outros que fomos repescar às nossas próprias memórias de infância. Poderíamos construir várias narrativas juntando esses elementos, mas fomos resistindo a esse ordenamento e dispusemos os materiais numa lógica associativa de formas, cores, sons e dinâmicas.

Sofia Dias & Vítor Roriz são uma dupla de artistas a colaborar desde 2006. A natureza híbrida da sua pesquisa, associada a uma curiosidade e necessidade de experimentação levou-os à criação de vários espetáculos, performances, faixas sonoras, vídeos, podcasts e instalações, atravessando diferentes contextos e esbatendo limites entre áreas artísticas.
Os seus espetáculos para palco, convocam uma linguagem coreográfica depurada em ligação com a palavra e a voz, como são exemplo “Um gesto que não passa de uma ameaça” de 2011 (Prix Jardin d’Europe e Aerowaves Spring Forward) ou “O que não acontece” de 2018.
Dos cerca de 30 projetos de criação, realizados ao longo dos últimos 16 anos, Sofia e Vítor contam com várias experiências noutros contextos que não o palco, tais peças radiofónicas ou sonoras, vídeos, performances/instalação, ou a série de performances “Arremesso”, que procura reativar e re-significar o arquivo de gestos, movimentos, textos, músicas, paisagens sonoras, vozes e “estados de presença” que se acumularam ao longo da colaboração.
Enquanto dupla, foram convidados a colaborar com diversos artistas, entre os quais, Catarina Dias, Lilia Mestre, Lara Torres, Gonçalo Waddington e Carla Maciel, Marco Martins e Clara Andermatt, Marco Martins, Mark Tompkins, Tim Etchells, Felipe Hirsch (Ópera Orphée). Têm vindo a colaborar mais regularmente com Tiago Rodrigues, enquanto intérpretes nas peças “António e Cleópatra” de 2014 e “Sopro” de 2017. Em 2020, fizeram assistência ao movimento na peça “Catarina e a beleza de matar fascistas” e preparam uma nova criação, para 2023, com o mesmo autor.
Desde o início da sua colaboração que contam com o apoio de diversas estruturas culturais: O Espaço do Tempo, Bomba Suicida e Materiais Diversos. Ao longo destes anos têm usufruído do importante apoio das redes europeias Looping, TRANSFER, Aerowaves, Open Latitudes, Modul Dance, ONDA e Départs.
Em 2020, desenvolveram o projeto “Infiltração” no Teatro do Bairro Alto que culminou com a estreia da peça “Escala”. Em 2022 foram os Artistas em Destaque no GUIDance. Em 2022/2023 Sofia e Vítor são Novos Inquilinos no Teatro Viriato em Viseu. A sua peça mais recente, “NEVERODDOREVEN”, em colaboração com Filiz Sizanli e Mustafa Kaplan estreou em Novembro de 2022 no Festival Alkantara e contou com apresentações em Viseu, no Teatro Viriato, Paris, no Festival d’Automne e irá ser apresentada no contexto do DDD, no Porto. Entre 2023 e 2024 S&V são Artistas Residentes na Fundação Champalimaud.
Sofia Dias & Vítor Roriz são membros associados da REDE – Associação de Estruturas para a Dança Contemporânea.

Ao espetáculo seguir-se-á uma conversa entre os artistas e o público.

Trailer: https://youtu.be/lw7MOp0Kp5Q

Sofia Dias & Vítor Roriz é uma estrutura financiada pela República Portuguesa – Cultura I DGARTES – Direção-Geral das Artes.


Artistic Direction and Set Design: Sofia Dias & Vítor Roriz
Creation: Daniel Pizamiglio, Inês Campos and Filipe Pereira
Performance: Lewis Seivwright, Francisca Pinto and Filipe Pereira
Foley support: Nuno Bento
Sound and Costumes: Sofia Dias
Drawings: Ephedra aka Catarina Dias
Sculpture: Gonçalo Barreiros
Light design and set construction: Nuno Borda de Água
Executive Production: Vítor Alves Brotas (Agência 25) and S&V
Co-production: LU.CA Teatro Luís de Camões (Lisbon), Materiais Diversos (Cartaxo), Théâtre de la Ville (Paris), Teatro Nacional São João (Porto), Centro Cultural Vila Flor (Guimarães)
Co-production Residency: O Espaço do Tempo (Montemor-o-Novo, PT)
Residency: Casa da Dança (Almada, PT)

“Sons Mentirosos Misteriosos” is the first play we’ve done with children in mind. And it would not be an inconfidence to assume that it was made primarily with our son in mind. We wanted this piece to be coherent with the way we relate to him, not to underestimate his imagination and intelligence and to stimulate his curiosity for movement, dance and abstraction.
Thus, we built a choreographic piece where movement and gesture suggest different relationships between the performers, intertwining the recognisable with the strange in an ambiguity permeable to the subjectivity of each observer. For us, abstraction is essential because it appeals to children’s ability to weave worlds from apparently incomplete, inconclusive and contrasting elements. We know how abstraction stimulates what each of us can see differently and we would like this piece to provide that space for invention.
Along with a good dose of abstraction, we also wanted a cosy, calm and docile performance. Not only as a counterpoint to speed, overstimulation and cynicism (which is an increasingly prevalent figure of speech), but also because docility and tenderness are qualities that we have relearned in our relationship with children and that we feel are increasingly necessary.
In “Sons Mentirosos Misteriosos”, sound acts as a network on which rests all the other elements of the performance. It is the sound that drives the action, that induces a sense of mystery and tension, that sometimes manipulates us and “lies” without us realising it. It was this idea of a lying sound that led us to the collaboration with a foley artist. In film, the foley artist works in sound post-production, recreating the sounds that were poorly recorded or missing from the in situ record. They seem so real, these recreations, that we hardly notice that the sound of a bird flying could have been made by a pair of gloves shaken rhythmically by the hands of a foley artist in perfect synchronisation with the image. Some of these techniques were generously shared with us by foley artist Nuno Bento, which allowed us to research the interdependent relationship between sound and movement, challenging the perception of space and time. And to challenge perception by manipulating the juxtaposition of these two elements.
“Sons Mentirosos Misteriosos” is a piece where the imagination has a lot to do: prolonging the gestures of the dancers, connecting these gestures to the fluctuations of the music, animating the series of drawings made by Catarina, and even trying to see an invisible creature only denounced by the sound and light of Nuno Borda de Água. The piece also has some absurd elements, because the absurd is a constant in our lives, and others that we have taken from our own childhood memories. We could build several narratives by putting these elements together, but we resisted this ordering and arranged the materials in an associative logic of shapes, colours, sounds and dynamics.

Sofia Dias & Vítor Roriz are a duo of artists collaborating since 2006. The hybrid nature of their research, associated with a curiosity and need for experimentation, has led them to create several shows, performances, soundtracks, videos, podcasts and installations, crossing different contexts and blurring boundaries between artistic areas.
Their stage shows call for a refined choreographic language in connection with the word and the voice, such as Um gesto que não passa de uma ameaça de 2011 (Prix Jardin d’Europe and Aerowaves Spring Forward) or O que não acontece de 2018.
Of the approximately 30 creative projects realised over the last 16 years, Sofia and Vítor have several experiences in contexts other than the stage, such as radio or sound pieces, videos, performances/installations, or the performance series Arremesso, which seeks to reactivate and re-signify the archive of gestures, movements, texts, music, soundscapes, voices and “states of presence” that have accumulated throughout the collaboration.
As a duo, they were invited to collaborate with several artists, including Catarina Dias, Lilia Mestre, Lara Torres, Gonçalo Waddington and Carla Maciel, Marco Martins and Clara Andermatt, Marco Martins, Mark Tompkins, Tim Etchells, Felipe Hirsch (Opera Orphée). They have been collaborating more regularly with Tiago Rodrigues, as interpreters in the plays António e Cleópatra of 2014 and Sopro of 2017. In 2020, they assisted the movement in the play “Catarina e a beleza de matar fascistas” and are preparing a new creation, for 2023, with the same author.
Since the beginning of their collaboration, they have had the support of several cultural structures: O Espaço do Tempo, Bomba Suicida and Materiais Diversos. Throughout these years they have enjoyed the important support of the European networks Looping, TRANSFER, Aerowaves, Open Latitudes, Modul Dance, ONDA and Départs.
In 2020, they developed the Infiltration project at the Bairro Alto Theatre, which culminated with the premiere of the play Escala. In 2022 they were the Featured Artists at GUIDance. In 2022/2023 Sofia and Vítor are New Tenants at the Viriato Theatre in Viseu. Their most recent piece, NEVERODDOREVEN, in collaboration with Filiz Sizanli and Mustafa Kaplan premiered in November 2022 at the Alkantara Festival and had performances in Viseu, at the Viriato Theatre, Paris, at the Festival d’Automne and will be presented in the context of DDD, in Porto.Between 2023 and 2024 S&V are Resident Artists at the Champalimaud Foundation.
Sofia Dias & Vítor Roriz are associate members of REDE – Association of Structures for Contemporary Dance.

The performance will be followed by a conversation between the artists and the audience.

Trailer: https://youtu.be/lw7MOp0Kp5Q

Sofia Dias & Vítor Roriz is financed by the Portuguese Ministry of Culture I DGARTES – Direção-Geral das Artes.

Duração total / Total duration: Aprox. 55’ [35’ + 20’]
Classificação etária /Ages: Maiores de 3 / 3 and above
Preço / Price: 8€ | 4€ para jovens, seniores e grupos / for youth, senior citizens and groups

Informações / Information: +351 212 583 175 | quinzena@cdanca-almada.pt
Bilhetes e reservas / Tickets and reservations: +351 212 724 922 | auditorio@cma.m-almada.pt